Jardim Público de Rio Claro    

   Jardim Público de Rio Claro      O Jardim Público foi oficializado símbolo de Rio Claro pela Lei n° 2457, de 24 de dezembro de 1991[1].                    

       Está localizado no centro histórico da cidade, no cruzamento de quatro vias principais: Ruas 03 e 04  com Avenidas 02  e 03 [2]

      Ele é composto de duas praças: XV de Novembro[3] (antigo Largo do Teatro Fênix) e Sargento Otoniel Marques Teixeira[4] (antigo Largo da Matriz Nova) que, interligadas por um trecho da Avenida 01, compreendem uma área de 16.857,50 metros quadrados.

       Presente na paisagem urbana de Rio Claro, o Jardim Público apresenta um conjunto de elementos naturais e historicamente construídos que se integram à organização espacial e às características sociais e culturais da comunidade.

        Ele é um ambiente público que apresenta características de jardim e de praça. Representa um cenário natural e edificado que se configura como lugar de passeio, de descanso, de contemplação, de encontro, de lazer e de manifestações cívicas e culturais.   

       É um lugar de circulação de pessoas, especialmente no horário comercial; ali estão presentes barracas de artesanatos, de objetos importados, ervas medicinais, carrinhos de sanduíche e pipoca, pontos de táxi, bancas de jornal, vendedores ambulantes e outros.

       No seu entorno, concentra-se  o principal centro de convergência do setor terciário, constituído de comércio varejista, prestadoras de serviços, cafés, lanchonetes, restaurantes, estabelecimentos bancários e estacionamentos para automóveis, que dividem espaços com residências e instituíções públicas.

 Esculturas do Jardim

        As esculturas (estátuas, bustos e hermas) e os monumentos, presentes no Jardim, integram o patrimônio histórico e cultural da cidade. Geralmente prestam homenagens às personalidades que influenciaram, direta ou indiretamente, os aspectos culturais, históricos e políticos de Rio Claro e do Brasil. 

  •  Estátuas:  Estátua da Diana, inaugurada em 1975; Estátua do Professor Arthur Bilac, em 1964; Anjo da Concórdia, em 1927.
  • Monumentos: Chafariz do Índio, inaugurado em 1900; Coreto Fábio Marasca, em 1971.
  • Bustos: Barão do Rio Branco, em 1914; Senador Alfredo Ellis, em 1950; Siqueira Campos, em 1964.
  • Hermas: José Bonifácio de Andrada e Silva, inaugurada em 1922; Carlos de Carvalho, em 1961; Luís de Camões.  

    Ao longo do tempo, a relação que os indivíduos constituíram com o Jardim Público foi caracterizada por vivências sociais, mas também por intervenções políticas e estruturais que se expressaram pela transformação de sua fisionomia. No passado, houve edificações como a Gruta Decorativa, a Gruta do Leão, dois coretos e outras, mas que foram demolidas.

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Leitura complementar

O tempo de outrora

Matriz Nova localizada onde atualmente se encontra o Chafariz do Índio

        Em meados do século XIX, "a população de São João do Rio Claro começou a se adensar, levando os moradores a reivindicar sua elevação à categoria de Vila, o que aconteceu em março de 1845. A partir de então, constituiu-se como sede de um município, ganhando autonomia administrativa e tornando-se a sede de uma área geográfica bem definida."[5] Em abril de 1857, a Vila foi elevada à categoria de Cidade com o nome de São João do Rio Claro.

        Nesse intervalo de tempo, iniciou-se à construção de uma nova Matriz, [6] localizada onde atualmente se encontra o Chafariz do Índio, no Jardim Público.

        A nova Matriz correspondia às expectativas de reestruturação urbana, decorrentes do crescimento da populaçao e da categoria hierárquica que São João do Rio Claro conquistou.

        As obras da construção foram supervisionadas por Padre Antônio Sérvulo de Andrade Aguiar, mas, devido à falta de recursos financeiros, elas ficaram abandonadas por muitos anos e nunca foram concluídas.          

    Com a reconstrução da Matriz de São Joao Batista, localizada no Largo da Matriz Velha, (atual Praça da Liberdade), em 1869, e a ameaça da atuação das chuvas nas paredes de tijolo da construção inacabada, esta foi demolida,[7]. 

      O historiador José Ferraz, ao descrever a demolição da Matriz Nova relatou:  “Enormes fendas comprometiam o gigantesco edifício que por isso foi demolido, a começar pelas velhas telhas, que foram descendo, uma a uma, num gosto de amarga desilusão.”[8]

Expansão de novas estruturas urbanas

       Transcorrendo a história, "a produção cafeeira tornou-se significativa na região de São João de Rio Claro, orientando o seu processo de desenvolvimento social, econômico e político, desde o final do século XIX até a década de 1930, chegando, inclusive, a ser o terceiro maior produtor de café da província e do Estado de São Paulo.[9]

        Em decorrência, acentuou-se a necessidade de incorporar, redefinir e expandir estruturas urbanas. Com efeito, ocorreram transformações na fisionomia da paisagem local como a introdução da iluminação elétrica (1885), a fundação do Gabinete de Leitura (1876), da Santa Casa de Misericórdia (1885), a construção do prédio para abrigar a cadeia e a Câmara (1870), do novo cemitério municipal (1875), da ferrovia interligando Campinas à Rio Claro (1876),  a pavimentação das ruas, o sistema de encanamento para distribuição da água, a expansão da malha urbana, a construção de novos sobrados no centro histórico, o Jardim Público remodelado e outras.         

Os portões de ferro no Jardim 

        No final do século XIX, ocorreu a primeira grande intervençao no Jardim Público, responsável pelo plantio de plantas e flores (ajardinamento), e pela colocação dos portões de ferro.  

        Em março de 1888, o Barão de Grão Mogól (Gualter Martins), proprietário de terras e cafeicultor, durante sua gestão como Presidente da Câmara Municipal (1887-1889), [10] apresentou aos demais membros um projeto para realizar o “ajardinamento”[11] do Jardim Público e colocar portões de ferro na sua entrada, conforme indica o texto[12] a seguir:

Indico que a Câmara mande colocar portões de ferro nas aberturas feitas no Jardim Público, aberturas feitas para tal fim; porquanto não convém que o Jardim continue como se acha, aberto.

Outrossim, que a Câmara, sem perda de tempo, trate do ajardinamento do mesmo Jardim, conforme a planta que aprovar”.

Indicação da Comissão de Obras Públicas:

“A Comissão propõe que a Câmara mande fazer por administração o Jardim da praça da Matriz Nova gastando até a quantia de quatro contos de réis, tirados da verba – Obras Públicas do presente orçamento e o excedente para o orçamento futuro.

A Comissão resolve que os portões sejam provisoriamente de madeira e que a encarregada do ajardinamento posteriormente os colocará de ferro. Vai-se já tratar da obra por fiscalização e conta da Câmara.[13]     

            A quadra que já havia sido cercada por arame recebeu com essa determinação os portões e o gradil de madeira que depois foram substituídos por grades e portões de ferro,[14] e estes removidos em 1920. Os portões de ferro do Jardim eram fechados à noite.          

            Na época da instalação dos portões de ferro, a Comissão de Obras Públicas, sob a supervisão da Câmara Municipal, concluiu os trabalhos de jardinagem no Largo do Teatro São João (Fênix, atual Praça XV de Novembro)) e no Largo da Praça da Matriz Nova (atual Praça Sargento Otoniel M. T.), dando origem a uma nova paisagem ao Jardim Público.

             Atualmente, fragmentos das grades que delimitavam o Jardim estão na Igreja Luterana, e um dos portões de ferro está na Santa Casa de Misericórdia.

 


[1] A Lei Municipal n° 2457, de 24 de dezembro de 1991, declarou aprovada a emenda apresentada para o artigo 5° da Lei Orgânica do Município de Rio Claro de 1990, que inclui o Gabinete de Leitura e o Jardim Público aos demais símbolos de Rio Claro.        

[2] Em 20 de dezembro de 1885 foi aprovado, por unanimidade, na Câmara Municipal, a substituição dos nomes das ruas por números e a criação das avenidas, que foram substituídas pelas ruas que cortavam verticalmente a Estação de Estrada de Ferro da Paulista.

[3] Com o advento da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, a área que compreendia o Largo do Teatro São João (Fênix) passou a denominar-se Praça “XV de Novembro”. 

[4]  Inaugurada em 1932. Seu nome presta uma homenagem ao rio-clarense Otoniel Marques Teixeira, que participou da Revolução Constitucionalista de 1932.

[5] Cf. Liliana Bueno dos Reis Garcia. 2000. p 08

[6] Em 1852, a Câmara Municipal solicita ao Governo Provincial autorização para a construção de uma nova Matriz e, na sessão de 07 de janeiro de 1854, discute meios para captar recursos a serem destinados à sua construção.  

[7].  Na sessão de 02 de fevereiro de 1884, a Câmara Municipal solicitou autorização do Governo Provincial para demolir a construção da Matriz Nova, alegando necessitar do terreno para o “ajardinamento” do Jardim Público. 

[8].  Cf. José Ferraz de Campos. 1922, p.36.

[9] Cf. Liliana Bueno dos Reis Garcia. 2000. p 08

[10] De 1845 a 1889, os Presidentes da Câmara exerciam a administração do Município, detendo as funções de Legisladores e Executores.

[11] Segundo registros, os processos de ajardinamento do Jardim Público tiveram inicio no Governo Siqueira Campos, em 1886.

[12] Sua ortografia, em trechos transcritos, foi atualizada.

[13] Apresentado na sessão da Câmara Municipal, em 31 de março de 1888.

[14] Na sessão da Câmara Municipal, de 05 de dezembro de 1889, foi aprovado substituir as cercas de arame e madeira por grades de ferro, bem como instalar seis portões – quatro laterais e dois centrais (localizados no trecho da Avenida 01 que corta o Jardim). Em 6 de junho de 1900, foram instalados os portões de ferro e removidos no ano de 1920.